2020 - Hodiernidade | e na anfibologia do Agora
PT
Projeto de investigação contínuo em torno de figuras circulares e circunferenciais como conceito, estética, poética e condição espacial.
Este é um projeto processual e de investigação de longo curso que explora formas circulares e circunferenciais enquanto figuras geométricas, mas também como dispositivos conceptuais, estéticos, poéticos e espaciais. O círculo é aqui entendido como um campo de ressonância — uma estrutura recorrente que organiza a perceção, o gesto, o movimento e a relação.
No centro da investigação está a pergunta: como pode a circularidade operar para além da repetição formal, como forma de pensar, compor e habitar o espaço? Esta pergunta desdobra-se através de uma abordagem multidisciplinar que cruza performance, desenho, instalação e trabalho de campo.
Do processo emergem diversas ramificações, entre as quais: instalações site-specific baseadas em geometrias circulares ou trajetórias curvas; performances de duração variável, onde o corpo se move em laços, espirais ou padrões concêntricos; sistemas de desenho que exploram acumulação, tensão e equilíbrio através da repetição circular; reflexões conceptuais sobre o círculo enquanto símbolo de continuidade, retorno, contorno e espaço relacional.
A investigação é orientada por princípios de atenção, pensamento ecológico e simplicidade formal. O objetivo não é fixar significados, mas permitir que a circularidade opere como princípio gerador — capaz de revelar dinâmicas espaciais e temporais muitas vezes invisíveis ou negligenciadas.
Cada projeto desenvolvido é simultaneamente autónomo e conectado, compondo uma constelação mais ampla de gestos, traços e reflexões em torno da figura do círculo.
ENG
Ongoing research project on circular and circumferential figures as concept, aesthetic, poetics, and spatial condition.
This is a process-based and long-term research project that explores circular and circumferential forms not only as geometric figures but also as conceptual, aesthetic, poetic, and spatial devices. The circle is understood here as a field of resonance — a recurring structure that organizes perception, gesture, movement, and relation.
At the heart of this investigation lies the question: how can circularity operate beyond formal repetition, as a way of thinking, composing, and inhabiting space? This question unfolds through a multidisciplinary approach that intersects performance, drawing, installation, and fieldwork.
From the process emerge several ramifications, including: site-specific installations based on circular geometries or curved trajectories; durational performances in which the body moves in loops, spirals, or concentric patterns; drawing systems that explore accumulation, tension, and balance through circular repetition; conceptual reflections on the circle as a symbol of continuity, return, enclosure, and relational space.
The research is guided by principles of attentiveness, ecological thinking, and formal simplicity. The goal is not to fix meanings, but to allow circularity to operate as a generative principle — capable of revealing spatial and temporal dynamics that are often invisible or overlooked.
Each project developed is both autonomous and interconnected, forming a broader constellation of gestures, traces, and reflections around the figure of the circle.
Projecto #1 - Julho 2020 / Apresentado no Contexto do Walk and Talk edição 9.5
ONLINE
ONSITE
Mural, 2X3m, tinta acrílica | Localização: Avenida do Mar, Junto à Etar da Pranchinha, São Roque, Ponta Delgada

Fotografia de Sara Pinheiro
Projecto #2 - Setembro 2020 / Apresentado no contexto do Family Film Project (Museu da FBAUP, Porto)
PT
Uma circunferência de tijolos desenhada no solo, num espaço exterior com luz diurna. O performer surge e inicia o evento com o caminhar e no olhar o espaço e instalação. Paulatinamente o performer destrói, com um martelo, cada um dos tijolos, em seguimento e continuidade. Entre vez, ou quando necessário, o performer encerra os olhos. Em atenção está o que surge no pensamento (não visível) e o som produzido pela destruição (audível). No último tijolo surge um sino, a sonoridade da destruição é substituída pelo som do sino.
ENG
A circle of bricks drawn on the ground in an outdoor space with daylight. The performer appears and initiates the event by walking and observing the space and installation. Gradually, the performer destroys each of the bricks with a hammer, in sequence and continuity. Occasionally, or when necessary, the performer closes their eyes. Attention is given to what arises in thought (invisible) and the sound produced by the destruction (audible). On the last brick, a bell appears, and the sound of destruction is replaced by the sound of the bell.


Fotografia de Pedro Figueiredo
Projecto #3 - Fevereiro 2021 / Residência de pesquisa e Open Studio em Espaço VAGA (Açores)


Fotografias e vídeo de Bruno Monfort


Projecto #5 - Reclamar tempo / Programa desenvolvido no CampusPCS, Porto

Video de João Fiadeiro e Fotografias de José Caldeira (a última) as restantes são de Flávio Rodrigues
Projecto #5 - Festival Walk&Talk (Açores), 2021
Hodiernidade | e na anfibologia do agora (Alegoria Do Choro)
PT
Flávio Rodrigues tem uma prática multidisciplinar e de carácter experimental e processual, onde os projetos são partes integrantes de uma produção e construção autobiográfica e referencial. Tem-se interessado nas possibilidades que diferentes materiais introduzem na sua relação com o espaço e com o corpo. Talvez por isso a instalação cénica, a criação/manipulação de objetos, as esculturas e o desenho têm sido recorrentes. Nos seus últimos projetos tende a reparar o objeto como elementar à performatividade do construtor (performer), e é nesse seguimento, sentido e terreno que surge Hodiernidade | e na anfibologia do Agora (Alegoria do Choro).
Este projeto acontece na Pedreira do Grupo Marques, e é a especificidade desse lugar que alimenta a performance como evento único. É desenhado no solo um sistema circunferencial de pedras, e esse novo espaço de organização projeta e nutre ressonância (som) através do toque (corpo - mão). As pedras não lhe pertencem, não são gastas nem resultam como desperdício do ato. No seu diagrama poético de pensamento, o acontecimento revela-se, de pedra em pedra, amplificando o choro (ruído) como tragédia teatral, cedendo o microfone (voz) ao outro, em que não se contempla mas se é.
ENG
Flávio Rodrigues has a multidisciplinary and experimental practice, characterized by a process-oriented approach, where projects are integral parts of an autobiographical and referential production and construction. He has been interested in the possibilities that different materials introduce into their relationship with space and the body. Perhaps for this reason, scenic installation, object creation/manipulation, sculptures, and drawing have been recurrent in his recent projects. In his latest projects, he tends to regard the object as fundamental to the performativity of the builder (performer). It is in this continuity, sense, and terrain that 'Hodiernidade | e na anfibologia do Agora (A alegoria do choro)' emerges.This project takes place in the Pedreira do Grupo Marques, and it is the specificity of this place that fuels the performance as a unique event. A circumferential system of stones is drawn on the ground, and this new organizational space projects and nourishes resonance (sound) through touch (body - hand). The stones do not belong to him, are not worn, nor do they result as waste from the act. In its poetic thought diagram, the event reveals itself, from stone to stone, amplifying the cry (noise) as a theatrical tragedy, handing the microphone (voice) to the other, in which one is not contemplated but is.

Fotografia de Álvaro Miranda
Fotografia de Sara Pinheiro
