2017 - Efígie
"The earth is the very quintessence of the human condition" (Hannah Arendt)."
Efígie é um projecto processual, híbrido e de carácter experimental. Numa primeira fase de pesquisas e experimentações levei para estúdio uma coleção de objectos, sons, textos e texturas que de algum modo me faziam reflectir e mergulhar em lugares associados à extinção, desaparecimento e fim/morte. Com o desenrolar do processo de criação foram-se gerando diferentes ramificações, que embora pertençam a um lugar conceptualmente comum, se tornaram autônomos. Em 2020, em residência no Balleteatro e com apresentação no Rua das Gaivotas criei uma espécie de colagem, de narrativa não linear, que de certa forma une pontos elementares do projecto.
De e com Flávio Rodrigues
Performers no processo e colaboradores: Bruno Senune, Carolina Macedo, André Santos, Daniel Pinheiro, Sofia Calvin, Joana Castro, Xana Novais, Carolina Araújo Correia, Daniela Castro, Filipe Pereira, Bruna Carvalho, Andreia Alquim, Mariana Madaill, Rui Marques, Francisca Passos Vella, Marta Ramos e alunos do Balleteatro Escola Profissional.
Construção do busto: Vera Mota
Apoios: Balleteatro, Armazém 22, Mala Voadora;
Apoio à circulação de espectáculos: Fundação GDA
Apoio à internacionalização: Shuttle/Câmara Municipal do PORTO.
Agenda
Janeiro de 2017 - Residência de criação e apresentação em processo em Armazém 22 (Vila Nova de Gaia e Mala Voadora (Porto);
Umas jardineiras verdes, um plástico verde e um preto, um objecto esqueleto, um quimono, fios de várias dimensões, uma máscara de palhaço e uma série de lanternas reunem-se como objectos elementares e fundamentais para esta primeira fase de criação e pesquisa. Os objectos são colocados em situações de escuridão, de desaparecimento e de sombra. Em si contam uma narrativa não linear, afogam-se numa banda sonora subaquática e florestal. O performer é construtor.

Abril de 2017 - Maus Hábitos (Porto) Inserido no Programa "E agora? com curadoria de Susana Chioca;
Apresentação do projecto-ramificação "Efígie | Dilúvio das águas mortas". Em colaboração com Carolina Macedo foi desenvolvida uma ação em torno de duas garrafas de plástica com um liquido verde no seu interior. O liquido contém a particularidade de ardência. A ação submete-se ao derreter, ao desaparecer, ao fim, à queda, ao lamento e ao dilúvio.
Setembro de 2017 - Escola das Fontinhas, ação com curadoria de Maria Leonor Figueiredo
Em colaboração com Bruno Senune foi desenvolvido o projecto ramificação intitulado de "Efígie | Tênue mas fronteira". A ação consiste no encurtar de um fio, quase que imperceptível ao olhar, a partir das bocas dos performers. O fio é o objecto elementar. Os corpos alimentam-se de uma fronteira que se dilui, desaparece e morre mas que permanece no silêncio da memória.
Abril 2017 - Apresentação do projecto-ramificação "Efígie | Chorus Landscape" em Festival DDD - Corpo + Cidade com curadoria de Balleteatro;
Um círculo de performers unem-se visando a construção de uma paisagem sonora efêmera e em extinção. Os sons são poeticamente lançados numa esfera ritualística e de celebração. Cantam-se pássaros, monstros, medos, florestas, corpos abandonados e lágrimas que se propõem afogar no e pelo degelo. "O gelo derrete e mata o urso" é uma das frases sonorizadas na performance.
Novembro de 2017 - Mira Artes performativas (Porto)
Ramificação "Efígie | Natureza Morta". Consiste numa ação elementar de destruir com um martelo um busto representativo do rosto do perfomer. A auto-destruição, auto-extinção, auto-queda e auto-degelo são os princípios base desta performance. O performer constrói a sua desconstrução. Destrói e desaparece a si, abandona a cena. A última dança.

Efígie | a destruição de um tijolo
Consiste numa ação elementar de destruir com um martelo um tijolo. Foi criado e apresentado no IV Congresso de Arte de Acción em Facultad de Belas Artes U.C.M. (Madrid, Espanha);

Efígie | Princípios
"Efígie | Princípios" não compõem uma resposta final, uma solução específica como alerta ou sugestão, não se propõe como capaz de verdade ou mentira, mas pensa e repara a vida tal como Eduardo Lourenço um dia disse "sem exterior. A vida é o que é, é o que se manifesta. Não precisa de justificação exterior a ela própria".


Fotografias de Alípio Padilha e vídeo de Eva Ângelo