2017 - Efígie

"The earth is the very quintessence of the human condition" (Hannah Arendt)."

Efígie é um projecto processual, híbrido e de carácter experimental. Numa primeira fase de pesquisas e experimentações levei para estúdio uma coleção de objectos, sons, textos e texturas que de algum modo me faziam reflectir e mergulhar em lugares associados à extinção, desaparecimento e fim/morte.  Com o desenrolar do processo de criação foram-se gerando diferentes ramificações, que embora pertençam a um lugar conceptualmente comum, se tornaram autônomos. Em 2020, em residência no Balleteatro e com apresentação no Rua das Gaivotas criei uma espécie de colagem, de narrativa não linear, que de certa forma une pontos elementares do projecto. 

 

De e com Flávio Rodrigues
Performers no processo e colaboradores: Bruno Senune, Carolina Macedo, André Santos, Daniel Pinheiro, Sofia Calvin, Joana Castro, Xana Novais, Carolina Araújo Correia, Daniela Castro, Filipe Pereira, Bruna Carvalho, Andreia Alquim, Mariana Madaill, Rui Marques, Francisca Passos Vella, Marta Ramos e alunos do Balleteatro Escola Profissional.
Construção do busto: Vera Mota
Apoios: Balleteatro, Armazém 22, Mala Voadora;
Apoio à circulação de espectáculos: Fundação GDA
Apoio à internacionalização: Shuttle/Câmara Municipal do PORTO.

Agenda

- 6 a 18 de Janeiro de 2017 - Residência de criação e pesquisa em Armazém 22 (Vila Nova de Gaia);
- 21 a 26 de Março de 2017 - Residência artística em Mala Voadora (Porto);
- 8 de Abril de 2017 - Apresentação da performance "Efígie | Dilúvio das aguas mortas" no Maus Hábitos inserida no contexto do programa "E agora...?" com curadoria de Susana Chioca.
- 13 de Maio de 2017 - Apresentação às 15h na Biblioteca Municipal do Porto e às 19h na Biblioteca Municipal de Matosinhos, inserido no contexto do festival DDD / Corpo + Cidade;
- 20 de Maio de 2017 - Apresentação de Efígie | Princípios em Armazém 22 (Vila Nova de Gaia);
- 1 de Junho de 2017, Apresentação pública de Efígie | Princípios em Festival ContraDança (Covilhã);
- 25 de Setembro de 2017, Apresentação pública de Efígie | Tênue mas Fronteira (Com Bruno Senune) em Porto - Escola das Fontainhas com curadoria de Maria Leonor Figueiredo;
- 23 de Novembro - "Efígie | Natureza Morta" em Mira Artes performativas (Porto) com curadoria de Hugo cruz inserido no programa Quintas Nómadas;
- 28 de Julho de 2018, Apresentação pública de Efígie | Princípios em Festival MOITA (Moita);
- 12 de Setembro de 2020 - Apresentação de Efígie | Princípios em Mandala Festival (Polônia);
- 13 de Fevereiro de 2020 - Apresentação de Efígie | Princípios em Gaivotas 6 (Lisboa);
- 14 de Março de 2020, Apresentação pública de Efígie | a destruição de um tijolo em IV Congresso de Arte de Acción em Facultad de Belas Artes U.C.M. (Madrid, Espanha);
- 13 de Setembro (2020), Apresentação pública, Festival Mandala / Centrum na Przedmieściu (Wrowclaw, Polónia);


Janeiro de 2017 - Residência de criação e apresentação em processo em Armazém 22 (Vila Nova de Gaia e Mala Voadora (Porto);

Umas jardineiras verdes, um plástico verde e um preto, um objecto esqueleto, um quimono, fios de várias dimensões, uma máscara de palhaço e uma série de lanternas reunem-se como objectos elementares e fundamentais para esta primeira fase de criação e pesquisa. Os objectos são colocados em situações de escuridão, de desaparecimento e de sombra.  Em si contam uma narrativa não linear, afogam-se numa banda sonora subaquática e florestal. O performer é construtor.


Abril de 2017 - Maus Hábitos (Porto) Inserido no Programa "E agora? com curadoria de Susana Chioca;

Apresentação do projecto-ramificação "Efígie | Dilúvio das águas mortas". Em colaboração com Carolina Macedo foi desenvolvida uma ação em torno de duas garrafas de plástica com um liquido verde no seu interior. O liquido contém a particularidade de ardência. A ação submete-se ao derreter, ao desaparecer, ao fim, à queda, ao lamento e ao dilúvio. 


Setembro de 2017 - Escola das Fontinhas, ação com curadoria de Maria Leonor Figueiredo

Em colaboração com Bruno Senune foi desenvolvido o projecto ramificação intitulado de "Efígie | Tênue mas fronteira". A ação consiste no encurtar de um fio, quase que imperceptível ao olhar, a partir das bocas dos performers. O fio é o objecto elementar. Os corpos alimentam-se de uma fronteira que se dilui, desaparece e morre mas que permanece no silêncio da memória.


Abril 2017 - Apresentação do projecto-ramificação "Efígie | Chorus Landscape" em Festival DDD - Corpo + Cidade com curadoria de Balleteatro;

Um círculo de performers unem-se visando a construção de uma paisagem sonora efêmera e em extinção. Os sons são poeticamente lançados numa esfera ritualística e de celebração. Cantam-se pássaros, monstros, medos, florestas, corpos abandonados e lágrimas que se propõem afogar no e pelo degelo. "O gelo derrete e mata o urso" é uma das frases sonorizadas na performance.


Novembro de 2017 - Mira Artes performativas (Porto)

Ramificação "Efígie | Natureza Morta". Consiste numa ação elementar de destruir com um martelo um busto representativo do rosto do perfomer. A auto-destruição, auto-extinção, auto-queda e auto-degelo são os princípios base desta performance. O performer constrói a sua desconstrução.  Destrói e desaparece a si, abandona a cena. A última dança.


Efígie | a destruição de um tijolo 

Consiste numa ação elementar de destruir com um martelo um tijolo. Foi criado e apresentado no IV Congresso de Arte de Acción em Facultad de Belas Artes U.C.M. (Madrid, Espanha);


Efígie | Princípios 

"Efígie | Princípios" é um projeto que culminou como resultado de uma série de experiências e pesquisas acionadas e apresentadas ao longo do ano de 2017. Estas experiências de carácter processual, híbridas e experimentais emergiram com o reflectir em torno de conceitos como Extinção, Desaparecimento e Fim/Morte, colocando o corpo/objectos e sonoridades em situações de escuridão, poluição, derrota, limite e/ou fronteira.
"Efígie | Princípios" como evento pluridisciplinar - gesto, som, escultura e desenho - consiste na apresentação de uma série de ações cuja narrativa é de poética não linear. O performer deambula entre a força da construção sonora/cênica e a força da paisagem, tornando-se parte integrante e fundamental da ficção que é construída e constituída no espaço destinado à própria criação artística.

Duas varas de madeira, pequenas anilhas de alumínio, um busto de gesso (representação do próprio performer), um tecido verde, uma máscara de palhaço, um esqueleto de plástico, um jarro de barro, água e uma corda são as matérias vitais, unificadoras, personagens transformadoras e cruciais da performance. Cada elemento emerge como sustentáculo: pensar a humanidade como parte da Natureza e não como observadora, mais poderosa ou mais dominadora, pensar no desgaste de recursos naturais, as alterações climáticas e claro, o hiper consumismo e capitalismo como sistema que precisa a cada segundo de ser posto à lupa.
"Efígie | Princípios" não compõem uma resposta final, uma solução específica como alerta ou sugestão, não se propõe como capaz de verdade ou mentira, mas pensa e repara a vida tal como Eduardo Lourenço um dia disse "sem exterior. A vida é o que é, é o que se manifesta. Não precisa de justificação exterior a ela própria".

Fotografias de Alípio Padilha e vídeo de Eva Ângelo