composição | arar o solo com derivas e mistérios

PT
Sob quatro folhas brancas quadradas, como elementos preambulares, separadas por uma pequena margem, repousam objetos e materiais encontrados em caminhadas por ruas e praias, bem como na exploração de casas e fábricas abandonadas pela cidade de Vila Nova de Gaia. A seleção desses objetos é resultado de processos intuitivos e de uma escuta não materializada nem idealizada. Importa, de certa forma, o encanto e, tal como o próprio título sugere, o mistério que cada objeto carrega, tornando-o singular.
A configuração que se edifica sob e nas folhas surge de práticas experimentais. Não corresponde a pontos de partida específicos, mas sim mergulha no desconhecido e na abertura de uma miríade de narrativas subjetivas que podem e objetivam envolver a atenção tanto do performer como de quem vê. As perguntas sobre o que pode ser e sobre o que é são mais vitais do que qualquer resposta definitiva e fixa. Mantém-se a pergunta como enigma, e mergulhamos no abismo da não resposta.
Em "Composição | arar o solo com derivas e mistérios" o gesto é força frágil, a respiração é uma continuidade, e o corpo é uma presença construtora e compositora. No final, temos uma composição de fragmentos que outrora foram esquecidos e que agora, aqui, são lembrados e homenageados. Pois, embora nem tudo importe, por vezes, quase tudo importa quando quase nada parece ter importância.

ENG
Under four square white sheets, as preambular elements, separated by a small margin, rest objects and materials found during walks through streets and beaches, as well as in the exploration of abandoned houses and factories in the city of Vila Nova de Gaia. The selection of these objects is the result of intuitive processes and a non-materialized, non-idealized listening. It somewhat values the charm and, as the title itself suggests, the mystery that each object carries, making it unique.
The configuration that builds itself under and within the sheets arises from experimental practices. It does not correspond to specific starting points but rather dives into the unknown and the opening of a myriad of subjective narratives that can and aim to engage the attention of both the performer and the viewer. Questions about what can be and what is are more vital than any definitive and fixed answer. The question remains as an enigma, and we plunge into the abyss of no response.
In "Composição | arar o solo com derivas e mistérios", the gesture is a fragile force, breathing is continuity, and the body is a constructive and composing presence. In the end, we have a composition of fragments that were once forgotten and are now remembered and honored here. For, although not everything matters, sometimes almost everything matters when almost nothing seems to matter.